DEMOCRACIA
E SOCIALISMO. PODEMOS ACREDITAR ?
A
experiência nos alerta acerca da volubilidade dos significados de
certas palavras. Seria suficiênte comparar os termos que constam em
dois dicionários da língua portuguesa editados com umas décadas de
diferença. Se possível uma centena. Teriamos algumas surpresas com
os significados atribuídos para alguns termos. Além de serem
diferentes alguns ficariam em extremos opostos.
Um
exemplo curioso é o do significado do termo sacana, que
actualmente equivale a biltre,
patife, bandalho, scanalha, malandro, s abido, espertalhão,
trapaceiro, libertino, libidinoso, décadas
atras correspondia, concretamente, a individuo que
manuseia o órgão sexual de outro homem com propósitos libidinosos.
Todavia
o meu propósito inicial era o de me limitar a comentar se o
significado de palavras de uso corrente na política nos merecem
confiança. Numa análise imediata nos encontramos com que o mesmo
termo pode ser usado com diferentes propósitos, alguns deles
situados em cacifos dispares. Limitando-nos ao nosso tempo de vida,
não esquecemos que nos países onde se instalaram regimes fortemente
ditatoriais, no intuito de mascarar a sua realidade gubernativa
utilzaram, como mote para se definirem, as palavras REPÚBLICA,
DEMOCRACIA, SOCIALISMO, POPULAR e variantes, sem se cingir ao
significado que se admitia -com reservas- no ocidente.
O
termo REPÚBLICA, que se considera ter sido cunhado na Grécia
clássica, não coincide com o imaginário actual, e muito menos se o
ligarmos ao conceito de DEMOCRACIA POPULAR. Pois que na época em que
se colocaram estes termos na gíria política, era muito restrito o
número de pessoas que tinham direito a se manifestar, a escolher, a
decidir. Hoje, de facto, pouco difere a situação, mesmo que,
aparentemente se efectuem eleições gerais e livres, dado que o são
com listas fechadas.
Resta
alguma dúvida acerca de se a denominação de repúblicas
socialistas soviéticas ou de
Alemanha democrática
do Leste cumpriam as normas de liberdade e direitos individuais eram
cumpridos rigorosamente ou,pelo contrário, o rigor de cumprir era o
determinado por um grupo de auto-seleccionados, “em nome do seu
povo”?
Pois
sem cair nestes extremos. tão escandalosos, eu pessoalmente me
encontro perante a impossibilidade de acreditar nos cabeçalhos de
muitos partidos e grupos de políticos. Tomemos o caso do Partido
Social Demócrata. PSD, que
todos consideramos estar firmemente ligado ao capital, ou dito de
outra forma: é considerado como partido da direita, e em
consequência, disposto a transigir com muita relutância e até com
algumas ratoeiras que os anulem, aos clamores de melhoras emanados
das classes proletárias de vários níveis. Com muita benevolência
do cidadão pensante, os epítetos de social e de demócrata, não
encaixam perfeitamente É pena.
Vamos
ao Partido Socialista PS,
Pode estar partido nos seus princípios históricos, mas a
experiência nos tem mostrado que o seu núcleo duro está cada dia
mais em concordãncia com o poder económico. A história das 30
moedas repete-se constantemente, mas admite-se que as importâncias
são bem superiores. Não é de hoje, nem ontem, que se admitiu que o
socialismo foi guardado na gaveta, bem fechado. E, sinceramente,
atendendo ao pragmatismo desejado na condução da sociedade, ainda
bem que retiraram do seu livro de tarefas o nacionalizar à brava.
Mas a opçaõ conseguiu ser pior, pois venderam as boas empresas, que
deviam permanecer na posse do estado, a troco não de um
prato de lentilhas mas (se
acreditar-mos nos dizeres que por aí proliferam) de depósitos
ocultos e bons lugares de administração.
As
facções com denominações semelhantes a Democracia
Cristã, apesar de se
mascararem com a bonomia da religião, todos sabem que estão, em
todos os países onde proliferam, íntimamente ligados à banca e aos
negócios mais ou menos escuros. A Itália tem uma longa e triste
experiência de como governam estes benfeitores. A evolução da
sociedade em geral vai criando anticorpos a estes subterfúgios de
mascarar a ignomínia com vestes religiosas.
Resta
o Partido Comunista já
residual e desacreditado, não só pelos seus logros em Portugal
mas, principalmente, porque internacionalmente mostrou ter um roteiro
sumamente pernicioso, ditatorial e mais selectivamente nepotista do
que qualquer outro. Hoje serve para agitar as águas e pressionar os
mandantes a ceder rangenddo os dentes. Mas, não esqueçamos que
depois, as contrapartidas ocultas são mais graves do que as benesses
concedidas.
E
chego ao fim, declarando que sempre fui um utópico socialista, mais
virado para social demócrata, por não partilhar com convicção das
fúrias expoliadoras dos fanáticos revolucionários. Daí que nunca
me filiei em nenhum partido, nem entrei em debates. Prefiro ter total
liberdade de crítica e opinião, mesmo que fique restrita ao meu
colarinho.
Sem comentários:
Enviar um comentário