domingo, 9 de dezembro de 2018

MEDITAÇÕES 55 - SINTOMAS DE DESCONFORTO

REVOLTA NOS BOMBEIROS ?

Penso que a maioria dos cidadãos devem ter ficado um pouco admirados ao receber a notícia de que a Corporação Nacional de Bombeiros decidiu afastar-se do domínio da Protecção Civil. Não estou minimamente ligado a este conflito, mas considero que deve ter sido visto como anormal pela população. Todavia, se atendermos aos sucessos dos últimos dois anos, especialmente nos grandes incêndios florestais, incluídos os que afectaram fortemente as populações, com mortes e perdas de património, era de prever que os tais "soldados da paz", se vistos como uma corporação merecedora de apreço e respeito, se sentissem atingidos e tratados como "carne de canhão" por parte de um comando mais consentido do que respeitado, nomeadamente quando múltiplo.

Dias atrás, e sem eu ter os elementos de juízo fundamentais, tive o atrevimento de afirmar que, pelo menos nos concelhos mais amplos em território do que em população, os bombeiros voluntários é possível que dependam, económicamente, do que se decide na sua Câmara Municipal, ou seja que, factualmente são funcionários municipais. Assim como, localmente, também o departamento responsável da Protecção Civil não passa de mais um gabinete sob as ordens da equipa municipal. Visto de fora, sem ter nenhuma conversa com algum cidadão afecto a um destes sectores, uma análise imediatista nos pode levar a considerar que a situação, dos bombeiros voluntários, ser por um lado uma despesa paga por um patrão e por outro um corpo de acção, que em chegando a hora da verdade são demasiados os que dão ordens e orientações, que sendo múltiplas é fácil  que nem todas sejam coincidentes. Daí a possibilidade de se ter cimentado um sentimento negativo sobre o seu estatuto, por demais indefinido.

Sabem que sou adicto (afeiçoado) aos rifões (provérbios) populares, e não vos estranhará que procurasse localizar um que, metafóricamente, se ajustasse à situação, que desde longe, eu admitia existir no corpo dos bombeiros: PANELA MEXIDA POR MUITOS NÃO PRESTA. Na cozinha caseira está, tacitamente estabelecido, que só há uma pessoa com poder de adicionar sal como condimento, sob risco de que quando o manjar chegue à mesa se verifique estar salgado o insonso.

Não sei qual vai ser a solução a tomar para clarificar o comando dos bombeiros. E até estou disposto a acreditar que, tal como acontece em muitos casos, isto fique em água de bacalhau que, como sabemos, corresponde a esperar que o tempo resolva o problemas. De facto esta inércia só os pode incrementar. Os problemas, caso não se ataquem de frente, persistem e em cada dia que passa ficam com mais azedume.

A hipótese de  Incorporar todos os voluntários para um estatuto de "soldados do quadro" imagino que  implicaria a responsabilidade de pagamento directamente ao Orçamento do Estado. Não parece factível. Existe capacidade económica para tal? 

Caso, como imagino, que as quotas voluntárias de munícipes devem ser,globalmente, insuficientes, as contas das corporações locais devem estar, sempre, dependentes de subsídios camarários. Se for assim, então estas quantias ficam englobadas no bolo municipal. a troco de serem efectivamente servos dos mandantes da Câmara. Já sabemos que não há almoços grátis.

Atribuir o descontrole efectivo de ter demasiados a mandar não se pode orientar exclusivamente ao departamento de Protecção Civil. Todo este sector de acção humana na defesa de pessoas e bens deve merecer um estudo aprofundado, eliminando a multiplicidade de intervenientes dado que, quando os problemas são graves, sabemos que é importante ter um comando centralizado.

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