segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

INVENTÁRIO E BALANÇO


Não que ainda tenha minimamente uma convicção de que a mudança da contagem dos dias, meses e anos, implique a possibilidade de implicar umas mudanças, apreciáveis, na nossa maneira de ser e de nos comportar, ou até na forma como encaramos e valorizamos, seja positivamente ou negativamente, os factos que nos chegam e, certamente, nos influenciam em maior ou menor grau. 
Mesmo assim o ter umas horas de sossego nesta altura de dias curtos e frios, quase que recluídos nas nossas casas, incita a que se faça alguma loucura, que descarrilemos abrindo agulha de uma linha que, de preferência, devia estar fechada ao transito, ou mais concretamente à possibilidade de ser vista e criticada por terceiras pessoas. Um descuido qualquer pessoa pode ter de vez em quando, e este promete ser o meu neste fecho de ano civil, ou militar.
Optei por uma tentativa, tanto quanto possível honesta e credível, que defina a minha forma de ser. Numa espécie de auto-retrato, sem garantia de ser correcto, já que aceito que todos somos  mentirosos, pois que sempre deturpamos a realidade a nosso respeito, adoçando-a ou amargando-a, dependendo do estado anímico do momento.
Uma troca de mensagens com um familiar "político", não consanguíneo, incitou-me a que desse mais uma vota na porca que aperta o torniquete da minha forma de avaliar certas situações., comportamentos e grupos sociais diferentes daquele onde estou situado. Com palavras suaves, mas suficientemente explícitas, sou acusado de ser discriminatório, de fugir à pressão actual (?) de nos comportar de forma gentil e amigável para todos os grupos humanos, rácicos, religiosos, culturais que não coincidam exactamente com os meus. Pergunto, com voz angelical: Quem jamais tem pensamentos e comportamentos discriminatórios? Quem pode atirar a primeira pedra? O difícil é conseguir vencer a repulsa e aceitar a convivência.
Pessoalmente e convencido de não estar faltando à verdade, não tenho preconceitos discriminatórios, agudos, perante raças, cores, credos e hábitos de outras pessoas, sejam de grupos próximos ao meu ou mais afastados. Posso conviver e tolerar, sem problemas mentais com gentes muito diversas, sempre e tanto que não me sinta potencialmente agredido pelos outros quando eles se comportam de forma nitidamente agressiva ou discriminatória. Ou seja, a convivência deponde muito da atitude  e comportamento dos elementos do outro grupo.
Um exemplo notório é o caso dos membros da tal etnia cigana. Eles são absurda e totalmente segregacionistas, embora nas novas gerações se possa notar um esforço visível para de adaptarem aos costumes dos "paios". Mesmo assim são gentes que, grupalmente, não nos podem inspirar confiança, e nos induzem a os ver com uma prudente reserva. Melhor longe que perto. Aceito que entre os "calé" existem, sem dúvida, excelentes cidadãos. Mas o facto de que eles prefiram viver num círculo exclusivo, fechado, nos leva de imediato a desconfiar. O que não implica que devemos confiar,plenamente, com todos os membros do "nosso grupo", sabendo que os há tão velhacos,ou mais, do que o mais rejeitável cigano.
Concretamente no meu caso pessoal, e por ser de origem catalão, as diferenças que fui apreciando em relação aos espanhois castelhanos, acentuaram a adversão geral perante o seu comportamento grupal perante a Catalunya. Independentemente das convicções de cada um, o governo central da Espanha, herdeira do fascismo franquista e com uma monarquia recuperada pela força das armas, depois de muitos milhares de mortos consequência de um golpe militar ultra-conservador, conduziu a que os avanços conseguidos no período republicano, rejeitado pelos católicos extremistas e militares facciosos, fossem anulados sine die.
Ou seja, ainda hoje se percebe que a imensa maioria de cidadãos espanhóis comportam-se, tacitamente, como sendo partidários de manter, e exigir, um centralismo totalmente unificado, que se disfarçou com um chamado estado de autonomias, com o qual se concederam alguns graus de liberdade a determinadas regiões, sempre e tanto que permaneçam fiéis à indivisibilidade da que consideram ser UMA NAÇÃO. Isso não os impede a que, de boca pequena, declarem que a Espanha é um País de Nações !
Podemos encontrar alguns espanhóis, com fala e sentimentos castelhanos, que nos digam ser favoráveis a uma mudança no sentido de recuperar um ESTADO FEDERAL, como se tentou na República derrubada. Tretas !, por enquanto não se vislumbra existir um quórum que apoie, firmemente, esta mudança. Que implicaria a desconstrução da monarquia teatral actual, que é acusada de ser fonte de negócios prejudiciais para a Nação, e retomar a República Parlamentária e Federal. Digam o que disserem estes pretensos contestatários, por enquanto comportam-se coniventes e agradados com o comportamento do centralismo, que deve manter a sua bota sobre o povo catalão.
O argumento de que no espaço geográfico da Catalunha os cidadãos, indiscutivelmente catalães, são menos do 50% dos residentes, é o mesmo argumento que foi usado pelos diferentes governos anexionistas no globo terrestre  ao longo da história. Enviam-se colonos para diluir os naturais.
Por estas e outras razões, da mesma laia, reneguei do facto de por nascimento ter sido favorecido com a nacionalidade espanhola. O que não me impede de ter trato, de igual para igual, com espanhóis não obcecados com o centralismo oficial e oficioso.

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