Não
degenera, ou não regenera, ou não é de Genebra
Além
da versão mais tradicional imagino que existem mais algumas
variantes que se metem, insidiosamente, aproveitando a terminação
em -era. Deixo aqui duas amostras, e fica ao vosso dispor a
possibilidade de juntar outras graçolas para esta máxima.
Este
cabeçalho veio à baila como reflexo das listagens de pessoas que me
propõem “amizade” no facebook. Habitualmente
apresentam-se com o aval nominal de alguns conhecidos mútuos.
Alguns deles não passam de companheiros esporádicos, com reduzido
contacto biunívoco, e em consequência pouco recordados.
Habitualmente, e sem o propósito de os desconsiderar, e até com o
receio de errar ao não aceitar a proposta, opto por a anular, sem
lhes dar uma oportunidade.
A
razão deste mau comportamento (meu) está
na convicção de que AMIGOS sempre serão efectivamente poucos, se
os calibrarmos pela convicção de que existe um sentimento
profundo e biunívoco de nos bateremos na defesa e apoio para um
amigo e contar com o apoio dele, mesmo contra o vento e a maré. Por
exemplo: de dar o nosso sangue se for necessário numa emergência; o
dar mesa e cama numa eventual catástrofe.
Quando
me encontro perante a decisão de “aceitar uma amizade” sem ter
como base um conhecimento mútuo entre o benemérito proponente e eu
mesmo, surge, sempre, uma
pequena história que um amigo do meu pai me referiu quando me
acompanhava no seu (dele,
meu progenitor)
funeral. Contava-me que, por mais de uma vez, quando dirigiu-se ao
Albert Virella I, pedindo autorização para lhe apresentar uma
pessoa que tinha vontade de poder dialogar com ele, a resposta, quase
habitual, que o A.V. I lhe dava era que ao longo dos anos de vida que
arrastou teve a oportunidade de conhecer muitas pessoas e até de
fazer-se amigo, com reciprocidade, de bastantes. Mas que sentia-se
velho e que já tinha usado toda a sua capacidade de conhecer mais
gente. Que desculpasse a sua brusquidão, mas que lhe garantia que
não era por desrespeito ou desprezo pela pessoa que desejava
apadrinhar; que não se sentia capaz de iniciar novas amizades.
E
assim ficava anulada a proposta. De facto não tardou a falecer e a
sua capacidade memorística tinha declinado notoriamente.
Eu,
mesmo que aceite a dificuldade para que o próprio possa avaliar a própria decrepitude mental, na sua real dimensão, confirmo que também sinto o peso das
falhas de memória, das confusões indesejadas. E, confesso, ainda
não perdi a noção do que ele, o meu pai, com o propósito de me
alertar dizia seriamente: Podemos ter muitos conhecidos,
mas amigos, amigos mesmo, estão sempre num núcleo muito reduzido.
E
mantendo-me fiel a este ensinamento familiar, cá dentro de mim, sei
que poucos, mesmo poucos, foram os que se mostraram amigos. Os dedos
das duas mãos excedem o resultado da avaliação!
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