Aplausos
e críticas
Tal como devem ter feito muitos
cidadãos, fui seguindo, com alguma atenção, mas não lhe dando a
primazia, os ecos da presença desta adolescente no principal areópago internacional, concretamente na Assembleia Geral da ONU em
Nova York. Ali e numa só apresentação pública, a Greta
condicionou a atenção geral, e as suas palavras tiveram
reflexos de cabeçalho em todos os noticiários do mundo. Foi ouvida
com mais atenção e expectativa do que vários outros oradores Entre
esta plêiade de preocupados denunciantes devemos referir o “nosso”
Engenheiro Guterres, que anda pelo globo predicando com muita
convicção e prosápia mas, infelizmente, com pouco efeito positivo.
Confesso que não ouvi nem li nada
sobre esta rapariga com aquele cuidado e posterior meditação que o
tema do seu discurso merecia. Admito que, tendo-se gerado uma atenção
alarmista sobre a evolução do ambiente terrestre, que é o nosso
suporte de vida, poucos devem ser os que, com alguma convicção, não
se sintam preocupados com os sintomas de efeitos perniciosos que a
humanidade tem causado sobre o clima, atmosfera, mares e problemas do
incremento acelerado que a economia e o “progresso” está
carregando sobre o que se prevé pode vir a ser o nosso futuro. Ou
pelo menos dos nossos descendentes.
Entremeando com os aplausos e os
silêncios comprometidos dos comentadores, sugiram alguns
derrotistas, que mesmo com alguma crueldade dispensável, atacaram a
referida Greta, com argumentos que, no seu ambiente caseiro
certamente não utilizam se tivessem que comentar as ideias
verbalizadas pelos seus familiares na faixa etária de Greta.
Na fase da evolução social
acelerada em que nos encontramos, com a influência da informática
na educação e evolução do cabaz de conhecimentos que hoje está
disponível de qualquer jovem, nem sequer muito ilustrado, não
deveria espantar, aos da geração anterior, ou seja aos pais em
geral, que a Greta se lançasse, com ímpeto inesperado, a uma
acusação generalizada de incompetência e desleixo perante a
realidade, dos adultos que lhes deviam garantir a sua sobrevivência
e lhes deixar de herança um planeta em melhores condições do
quer as actuais, e até das previsíveis se continuarmos a seguir o mesmo
percurso suicida.
É curioso, interessante mesmo, ver
que uma adolescente, nervosa e exaltada, conseguiu ter um nível de
atenção superior ao de outros comentadores anteriores, alguns, como
Al Gore, com o apoio de gráficos, vídeos e documentários reais de
como os desastres já estão em progressão. Os mais cépticos
afirmam que grupos de interesses não definidos se encarregaram da
promoção desta rapariga, insinuando que por trás das más novas
denunciadas e das previstas existem na sombra, ou mesmo mal
camuflados, poderosos preparados para se beneficiar da situação
prevista. Para não sermos tildados de ingénuos até podemos aceitar
que tais denúncias de caminhar, cegamente, para um abismo quiçá
irrecuperável, podem ter cabimento.
Se Greta foi usada com propósitos
positivos, dado que os sinais de alarme já não são simples apitos
ou sirenes e que esta acção foi, criada atempadamente com a
colaboração de um conhecedor da psicologia dos cidadãos em geral,
e que tudo não passou de una encenação típica de promoção.
Então deveríamos concluir que nesta luta da informação e
desinformação não se pode entrar com as mãos limpas, nuas. Seria
absurdo respeitar as regras da correcção quando do lado contrário
as esquecem.
Pessoalmente aceito a denúncia, e
com a convicção de que muitos erros já cometidos serão de difícil
correcção.
O que lamento, por não ser justo e
porque entra no conceito de que só quem não tem telhados de vidro é
que pode tirar pedras, se use, no intuito de denegrir, desacreditar,
a denúncia de Greta com o argumento de que esta ainda adolescente sofre de
sintomas de autismo. E quero referir que aquilo que se noticiou é
que de facto lhe foi diagnosticado um estado leve deste problema.
Muito mais extenso na sociedade, pois até é ignorada a sua incidência por não ser considerada como grave e impeditiva.
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