sexta-feira, 4 de outubro de 2019

MEDITAÇÕES - Greta Thunberg



Aplausos e críticas

Tal como devem ter feito muitos cidadãos, fui seguindo, com alguma atenção, mas não lhe dando a primazia, os ecos da presença desta adolescente no principal areópago internacional, concretamente na Assembleia Geral da ONU em Nova York. Ali e numa só apresentação pública, a Greta condicionou a atenção geral, e as suas palavras tiveram reflexos de cabeçalho em todos os noticiários do mundo. Foi ouvida com mais atenção e expectativa do que vários outros oradores Entre esta plêiade de preocupados denunciantes devemos referir o “nosso” Engenheiro Guterres, que anda pelo globo predicando com muita convicção e prosápia mas, infelizmente, com pouco efeito positivo.

Confesso que não ouvi nem li nada sobre esta rapariga com aquele cuidado e posterior meditação que o tema do seu discurso merecia. Admito que, tendo-se gerado uma atenção alarmista sobre a evolução do ambiente terrestre, que é o nosso suporte de vida, poucos devem ser os que, com alguma convicção, não se sintam preocupados com os sintomas de efeitos perniciosos que a humanidade tem causado sobre o clima, atmosfera, mares e problemas do incremento acelerado que a economia e o “progresso” está carregando sobre o que se prevé pode vir a ser o nosso futuro. Ou pelo menos dos nossos descendentes.

Entremeando com os aplausos e os silêncios comprometidos dos comentadores, sugiram alguns derrotistas, que mesmo com alguma crueldade dispensável, atacaram a referida Greta, com argumentos que, no seu ambiente caseiro certamente não utilizam se tivessem que comentar as ideias verbalizadas pelos seus familiares na faixa etária de Greta.

Na fase da evolução social acelerada em que nos encontramos, com a influência da informática na educação e evolução do cabaz de conhecimentos que hoje está disponível de qualquer jovem, nem sequer muito ilustrado, não deveria espantar, aos da geração anterior, ou seja aos pais em geral, que a Greta se lançasse, com ímpeto inesperado, a uma acusação generalizada de incompetência e desleixo perante a realidade, dos adultos que lhes deviam garantir a sua sobrevivência e lhes deixar de herança um planeta em melhores condições do quer as actuais, e até das previsíveis se continuarmos a seguir o mesmo percurso suicida.

É curioso, interessante mesmo, ver que uma adolescente, nervosa e exaltada, conseguiu ter um nível de atenção superior ao de outros comentadores anteriores, alguns, como Al Gore, com o apoio de gráficos, vídeos e documentários reais de como os desastres já estão em progressão. Os mais cépticos afirmam que grupos de interesses não definidos se encarregaram da promoção desta rapariga, insinuando que por trás das más novas denunciadas e das previstas existem na sombra, ou mesmo mal camuflados, poderosos preparados para se beneficiar da situação prevista. Para não sermos tildados de ingénuos até podemos aceitar que tais denúncias de caminhar, cegamente, para um abismo quiçá irrecuperável, podem ter cabimento.

Se Greta foi usada com propósitos positivos, dado que os sinais de alarme já não são simples apitos ou sirenes e que esta acção foi, criada atempadamente com a colaboração de um conhecedor da psicologia dos cidadãos em geral, e que tudo não passou de una encenação típica de promoção. Então deveríamos concluir que nesta luta da informação e desinformação não se pode entrar com as mãos limpas, nuas. Seria absurdo respeitar as regras da correcção quando do lado contrário as esquecem.

Pessoalmente aceito a denúncia, e com a convicção de que muitos erros já cometidos serão de difícil correcção.

O que lamento, por não ser justo e porque entra no conceito de que só quem não tem telhados de vidro é que pode tirar pedras, se use, no intuito de denegrir, desacreditar, a denúncia de Greta com o argumento de que esta ainda adolescente sofre de sintomas de autismo. E quero referir que aquilo que se noticiou é que de facto lhe foi diagnosticado um estado leve deste problema. Muito mais extenso na sociedade, pois até é ignorada a sua incidência por não ser considerada como grave e impeditiva. 

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