segunda-feira, 21 de outubro de 2019

MEDITAÇÕES - Problemas da Terra




Foquemos dois problemas concretos

Os dois capítulos em questão são: Por um lado o muito badalado AQUECIMENTO GLOBAL e, por outro dado a DEGRADAÇÃO DO AMBIENTE. São referidas ambas situações quase sempre em parceria sem uma justificação absoluta. Para nosso azar sentimos que, de facto, complementam-se nos efeitos, mas para bem entender é pertinente reconhecer que são independentes e até um deles é antiquíssimo e o outro é muito recente, pelo menos na magnitude actual.

Qualquer pessoa medianamente ilustrada sabe que as referências geológicas que se tem estudado no nosso planeta nos dizem que esta esfera, irregular e viajante incansável, é uma entidade mutável, com um comportamento mais ou menos previsível mas de cujos efeitos, em geral com libertação de grandes quantidades de energia, o homem não consegue neutralizar, nem sequer de prever e muito menos “domesticar, domar”.

Sem esquecer as enormes alterações na custa terrestre, atribuídos, certamente que com razão, aos movimentos das placas tectónicas, que alteraram notoriamente e de forma ciclópea a orografia. Nem sequer é necessário referir as testemunhas pétreas dos grandes períodos glaciares. Com a arqueologia se verificou que foram bastantes e sucessivos, os períodos de frio intenso e também de aridez. Zonas que actualmente estão áridas estiveram cobertas de vegetação e habitadas por animais até de grande porte, e até de humanos que deixaram gravuras elucidativas da sua presença estável (estável na dimensão da duração das nossas vidas, que naqueles tempos não deviam ultrapassar três ou quatro décadas). Nem podemos esquecer que o eixo de rotação da Terra e até da polarização N-S já ocorreu em várias ocasiões, sem a nossa intervenção!

Não só ocorreram grandes mudanças no longínquo passado. Mesmo nos séculos recentes, em que o testemunho indiscutível deixado pelos nossos antepassados nos elucidam sobre invernos extremamente frios e prolongados, assim como de precipitações intensas (que deram azo à lenda do dilúvio universal) Pela análise das deposições de cinzas nos gelos, de comprovada antiguidade, sabe-se que alguns períodos de glaciação foram causados pela ocultação dos raios solares por extensas e duradouras camadas de cinzas vulcânicas na atmosfera terrestre. Também conhecemos através de testemunhas humanas os efeitos de deslocações das placas tectónicas, causando terremotos devastadores ou maremotos que flagelaram as costas.

Entre umas referências e outras somos levados a admitir que na Terra os humanos podemos influir em pequenas doses, se medirmos pelo que é causado pela natureza. Todavia nos mais recentes tempos, dois séculos concretamente, a humanidade já causou estragos de vulto. O que de facto nos preocupa é que a incúria e insensatez do homem podem causar, não só um extenso e terrível holocausto, que altere profundamente o equilíbrio de vida no planeta, mas, muito mais alarmante, por ser consequência da nossa vida quotidiana, que com a continuação de poluição, nomeadamente de gases de combustão e da indústria química, mais a continua e insistente deposição, totalmente incontrolada, de dejectos não degradáveis, estamos destruindo o ambiente, não só aquele que necessitamos para viver, mas também afectando negativamente a vida animal e vegetal que nos tem acompanhado durante milénios.

Tudo o que deixo escrito aqui é bem conhecido por todos, ou deveria ser. Se para as alterações geológicas quase nada podemos fazer, e mesmo a previsão não é eficaz, existem capítulos com importância indiscutível, nos quais a humanidade tem a obrigação de agir correctivamente.

Um dos que não podemos influenciar é o da convicção generalizada de que os degelos progressivos ocasionarão uma elevação do nível do mar, com a consequência de se reduzir a área habitável nas terras emersas. Este problema excede a capacidade dos humanos para o tentar contrariar. E nem sequer isto é garantido que tal aconteça, pois que existem factores incontroláveis na natureza que influenciaram várias sucessões de ciclos de gelo e degelo sem que o homem tenha tido uma influência notória.

O mais grave é que estamos tão imersos no uso, abuso e deposição invasiva, descontrolada, de materiais não degradáveis. Aí sim que devemos estar mais preocupados. A espiral de consumo que se instalou entre os humanos parece incontrolável. Segue-lhe uma outra espiral progressiva que ameaça transformar tanto os mares como as zonas emersas em lixeiras. Mesmo aqueles materiais que se anunciam como bio-degradáveis não regressam aos componentes iniciais, aos elementos químicos de que partiram. A sua apregoada degradação limita-se a que passarem de objectos macroscópicos para partículas microscópicas, que até são mais difíceis, ou impossíveis, de recolher e eliminar. Chamamos de micro-plásticos.

Este problema da poluição desenfreada, inconsciente ou mesmo consciente, é o actual nó górdio da humanidade. Aquilo que se pensa -numa inconsciência colectiva- que deitamos fora, que nos estorva e procuramos deixar de ter por perto, colocando num lixo que cresce sem parar, persegue-nos como a sombra. Mesmo que se enterre “escondido sob o tapete” ou se tente eliminar por queima, a composição dos seus fumos não são equivalentes aos de uma queima de combustíveis naturais, seja madeira o carvão, devido a que, em muitos deles, se incorporaram compostos potencialmente venenosos.

A RECICLAGEM. A pretensão de resolver o problema da poluição pelos materiais de síntese, digamos plásticos, já inutilizáveis, criando uma rede de reutilização é, por enquanto, uma utopia. O quantitativo de artigos rejeitados diariamente e que “deveriam” ser transformados em coisas úteis é de tal modo enorme que não se consegue encontrar um esquema múltiplo e abrangente, que os consiga eliminar. Pelo menos por enquanto.

Conclusão: Sobre o clima, degelo ou secas, pouco podemos fazer além de tentar repovoar de árvores as zonas que se desertificaram. Mas onde a civilização pecou, onde caiu na sua própria ratoeira, foi na multiplicação do lixo. E, INFELIZMENTE, DE NADA SERVE O TENTAR, INDIVIDUALMENTE, CONTRARIAR ESTE FLUXO. O consumismo baseia-se na facilidade de nos servir com artigos previamente embalados!


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