Foquemos
dois problemas concretos
Os dois capítulos em questão são:
Por um lado o muito badalado AQUECIMENTO GLOBAL e, por outro dado a
DEGRADAÇÃO DO AMBIENTE. São referidas ambas situações quase
sempre em parceria sem uma justificação absoluta. Para nosso azar
sentimos que, de facto, complementam-se nos efeitos, mas para bem
entender é pertinente reconhecer que são independentes e até um
deles é antiquíssimo e o outro é muito recente, pelo menos na
magnitude actual.
Qualquer pessoa medianamente
ilustrada sabe que as referências geológicas que se tem estudado no
nosso planeta nos dizem que esta esfera, irregular e viajante
incansável, é uma entidade mutável, com um comportamento mais ou
menos previsível mas de cujos efeitos, em geral com libertação de
grandes quantidades de energia, o homem não consegue neutralizar,
nem sequer de prever e muito menos “domesticar, domar”.
Sem esquecer as enormes alterações
na custa terrestre, atribuídos, certamente que com razão, aos
movimentos das placas tectónicas, que alteraram notoriamente e de
forma ciclópea a orografia. Nem sequer é necessário referir as
testemunhas pétreas dos grandes períodos glaciares. Com a
arqueologia se verificou que foram bastantes e sucessivos, os períodos de frio intenso e também de aridez. Zonas que actualmente
estão áridas estiveram cobertas de vegetação e habitadas por
animais até de grande porte, e até de humanos que deixaram gravuras
elucidativas da sua presença estável (estável
na dimensão da duração das nossas vidas, que naqueles tempos não
deviam ultrapassar três ou quatro décadas). Nem podemos
esquecer que o eixo de rotação da Terra e até da polarização N-S
já ocorreu em várias ocasiões, sem a nossa intervenção!
Não só ocorreram grandes mudanças
no longínquo passado. Mesmo nos séculos recentes, em que o
testemunho indiscutível deixado pelos nossos antepassados nos
elucidam sobre invernos extremamente frios e prolongados, assim como
de precipitações intensas (que
deram azo à lenda do dilúvio universal) Pela análise
das deposições de cinzas nos gelos, de comprovada antiguidade,
sabe-se que alguns períodos de glaciação foram causados pela
ocultação dos raios solares por extensas e duradouras camadas de
cinzas vulcânicas na atmosfera terrestre. Também conhecemos através
de testemunhas humanas os efeitos de deslocações das placas
tectónicas, causando terremotos devastadores ou maremotos que
flagelaram as costas.
Entre umas referências e outras
somos levados a admitir que na Terra os humanos podemos influir em
pequenas doses, se medirmos pelo que é causado pela natureza.
Todavia nos mais recentes tempos, dois séculos concretamente, a
humanidade já causou estragos de vulto. O que de facto nos preocupa
é que a incúria e insensatez do homem podem causar, não só um
extenso e terrível holocausto, que altere profundamente o equilíbrio
de vida no planeta, mas, muito mais alarmante, por ser consequência
da nossa vida quotidiana, que com a continuação de poluição,
nomeadamente de gases de combustão e da indústria química, mais a
continua e insistente deposição, totalmente incontrolada, de
dejectos não degradáveis, estamos destruindo o ambiente,
não só aquele que necessitamos para viver, mas também afectando
negativamente a vida animal e vegetal que nos tem acompanhado durante
milénios.
Tudo o que deixo escrito aqui é bem
conhecido por todos, ou deveria ser. Se para as alterações
geológicas quase nada podemos fazer, e mesmo a previsão não é
eficaz, existem capítulos com importância indiscutível, nos quais
a humanidade tem a obrigação de agir correctivamente.
Um dos que não podemos
influenciar é o da convicção generalizada de que os degelos
progressivos ocasionarão uma elevação do nível do mar, com a
consequência de se reduzir a área habitável nas terras emersas.
Este problema excede a capacidade dos humanos para o tentar
contrariar. E nem sequer isto é garantido que tal aconteça, pois
que existem factores incontroláveis na natureza que influenciaram
várias sucessões de ciclos de gelo e degelo sem que o homem tenha
tido uma influência notória.
O mais grave é que estamos tão
imersos no uso, abuso e deposição invasiva, descontrolada, de
materiais não degradáveis. Aí sim que devemos estar mais
preocupados. A espiral de consumo que se instalou entre os humanos
parece incontrolável. Segue-lhe uma outra espiral progressiva que
ameaça transformar tanto os mares como as zonas emersas em lixeiras.
Mesmo aqueles materiais que se anunciam como bio-degradáveis
não regressam aos componentes iniciais, aos elementos químicos de
que partiram. A sua apregoada degradação limita-se a que
passarem de objectos macroscópicos para partículas microscópicas,
que até são mais difíceis, ou impossíveis, de recolher e
eliminar. Chamamos de micro-plásticos.
Este problema da poluição
desenfreada, inconsciente ou mesmo consciente, é o actual nó
górdio da humanidade. Aquilo que se pensa -numa
inconsciência colectiva- que deitamos fora, que nos
estorva e procuramos deixar de ter por perto, colocando num lixo que
cresce sem parar, persegue-nos como a sombra. Mesmo que se enterre
“escondido sob o tapete” ou se tente eliminar por queima, a
composição dos seus fumos não são equivalentes aos de uma queima
de combustíveis naturais, seja madeira o carvão, devido a que, em
muitos deles, se incorporaram compostos potencialmente venenosos.
A RECICLAGEM. A pretensão de resolver o problema da poluição pelos materiais de síntese,
digamos plásticos, já inutilizáveis, criando uma rede de
reutilização é, por enquanto, uma utopia. O quantitativo de
artigos rejeitados diariamente e que “deveriam” ser
transformados em coisas úteis é de tal modo enorme que não se
consegue encontrar um esquema múltiplo e abrangente, que os consiga
eliminar. Pelo menos por enquanto.
Conclusão: Sobre o clima, degelo ou
secas, pouco podemos fazer além de tentar repovoar de árvores as
zonas que se desertificaram. Mas onde a civilização pecou, onde
caiu na sua própria ratoeira, foi na multiplicação do lixo. E,
INFELIZMENTE, DE NADA SERVE O TENTAR, INDIVIDUALMENTE, CONTRARIAR
ESTE FLUXO. O consumismo baseia-se na facilidade de nos servir com
artigos previamente embalados!
Sem comentários:
Enviar um comentário