NÃO
DEVE SER FÁCIL
Ter
uma inclinação, predisposição ou vocação para avaliar e
desejar corrigir as dificuldades que pesam sobre quem se encontra
nos estratos sociais mais baixos, nomeadamente se medidos pela sua
capacidade económica, chega-se ao ponto de concluir como é
difícil, por não dizer utópico, igualar as possibilidades para
todos os cidadãos. Sempre se observa que a tentativa de igualar
conduz a baixar mais do que subir.
Ou
seja, dito mais claramente, aceitar que se pode ser de
esquerda (1) sem ponderar todas as variantes que
encontramos entre as pessoas que, mesmo com a livre escolha do
indivíduo, estão incluídos num grupo inferior, sempre
heterogéneo -como todos os grupos- vai encontrar os
antagonismos pessoais, nem que seja por vaidade pessoal em relação
a outro/s aceita a qualificação de esquerdista. Isto não obsta a
que, desde sempre, haja intensos e convictos “esquerdistas”
entre as classes de topo, sejam intelectuais ou díscolos do
seu sangue, ou mesmo uns lunáticos que imaginam poder mudar a
sociedade, e assim ganhar notoriedade (nunca
aceitarão este desejo oculto)
Para
já, a partir de estar uns anos inseridos na sociedade real já é
normal que se admita, sem discussão aquele axioma que nos diz
todos somos iguais, mas uns mais iguais do que outros. Um
artifício de linguagem, subtil mas envenenado por ser
indiscutivel, de que mesmo dando todas as voltas que quisermos,
cada pessoa, por separado e se auto-valorizada, encontra facetas,
que considera muito relevantes, que o devem destacar em relação
aos seus “iguais”.
Descendo
para a realidade que temos nesta fase da vida social, e por estar
perto de ser convocados para as urnas de voto, com a pretensa
possibilidade de colaborar numa mudança de rumo, ou para a sua
continuidade. E justamente por se verificar, nestes dois
derradeiros anos, que as pressões internas no seio da
apelidada geringonça, -com evidente
propósito de provocação jocosa- nos encontramos com
que constantemente surgem reclamações -sempre de
índole monetária- com origem nos sectores com mais poder
reivindicativo e que, aqueles que estão no leme -nunca
o poder está num indivíduo isolado,
mesmo na mais cruenta ditadura- não
querendo deixar de figurar como primeiras figuras, cedem mais do
que seria aconselhável, dado que as contas de somar e subtrair não
se podem alterar caso se queira proceder com sensatez e rigor.
Ou
seja, focando desde outro ponto de vista, até poderíamos aceitar
que o descontrole econômico da nação se deve à
ignorância congénita da maior parte da população. Sem
desculpar os abusos mais escandalosos que os que mexem nos grandes
negócios. As cedências sucessivas conduzem a desvios no
orçamento, daí a consequências tantas vezes discriminatórias,
precisamente porque, indirectamente, prejudicaram outros
cidadãos do mesmo patamar do que aqueles que conseguiram ser
beneficiados, mas só porque não possuem as mesmas capacidades de
exercer pressão
Imaginar
que através de conseguir uma ilustração, uma cultura mais
elaborada, da massa social mais propensa a se sentirem pior
servidos, é mais uma utopia das várias que existem entre os
humanos. Imaginar que os que reclamam cederiam nos seus desejos e
aceitassem,com um baixar de braços fariam um bom serviço a todos,
e que tendo, actualmente, um governo teóricamente de esquerda, a
calma seria factível, é das tais situações em que nem os bebés
de mama acreditarán. Estes sabem bem o valor da sua palavra de
ordem. Quem não chora não mama. Aquela frase célebre
atribuída aos fantasiados mosqueteiros de Alexandre Dumas. TODOS
PARA UM E PERÚ PARA TODOS, só na literatura.
Qualquer
cidadão reconhece que o chegar a uma sociedade séria,
equilibrada, não necessariamente igualitária, mas aceitável
por não se mostrar excessivamente desigual, depende, pela
aplicação cega e correcta das leis que nos regem. Mas também
sabe coisas tais como que Feita a lei, cuidada a
malícia, ao que se junta o saber que a carne é
fraca, e que por detrás desta sina se movimentam os
compadrios, os corporativismos, ou, mais concretamente, que O
dinheiro é como o azeite, por donde pasa unta. E
termino com o que também sabemos Quando a fortuna chega às
mãos do pobre, em geral este muda de comportamento.
(1) existem
mais sinónimos para tentar definir um estado de espírito que,
dada a quantidade de alternativas, nos indica como
é difícil definir
de uma forma concreta e sem ambiguidades o que tento descrever.
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