quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

SENTIR-SE ESQUERDINO, ou canhestro


NÃO DEVE SER FÁCIL


Ter uma inclinação, predisposição ou vocação para avaliar e desejar corrigir as dificuldades que pesam sobre quem se encontra nos estratos sociais mais baixos, nomeadamente se medidos pela sua capacidade económica, chega-se ao ponto de concluir como é difícil, por não dizer utópico, igualar as possibilidades para todos os cidadãos. Sempre se observa que a tentativa de igualar conduz a baixar mais do que subir.

Ou seja, dito mais claramente, aceitar que se pode ser de esquerda (1) sem ponderar todas as variantes que encontramos entre as pessoas que, mesmo com a livre escolha do indivíduo, estão incluídos num grupo inferior, sempre heterogéneo -como todos os grupos- vai encontrar os antagonismos pessoais, nem que seja por vaidade pessoal em relação a outro/s aceita a qualificação de esquerdista. Isto não obsta a que, desde sempre, haja intensos e convictos “esquerdistas” entre as classes de topo, sejam intelectuais ou díscolos do seu sangue, ou mesmo uns lunáticos que imaginam poder mudar a sociedade, e assim ganhar notoriedade (nunca aceitarão este desejo oculto)

Para já, a partir de estar uns anos inseridos na sociedade real já é normal que se admita, sem discussão aquele axioma que nos diz todos somos iguais, mas uns mais iguais do que outros. Um artifício de linguagem, subtil mas envenenado por ser indiscutivel, de que mesmo dando todas as voltas que quisermos, cada pessoa, por separado e se auto-valorizada, encontra facetas, que considera muito relevantes, que o devem destacar em relação aos seus “iguais”.

Descendo para a realidade que temos nesta fase da vida social, e por estar perto de ser convocados para as urnas de voto, com a pretensa possibilidade de colaborar numa mudança de rumo, ou para a sua continuidade. E justamente por se verificar, nestes dois derradeiros anos, que as pressões internas no seio da apelidada geringonça, -com evidente propósito de provocação jocosa- nos encontramos com que constantemente surgem reclamações -sempre de índole monetária- com origem nos sectores com mais poder reivindicativo e que, aqueles que estão no leme -nunca o poder está num indivíduo isolado, mesmo na mais cruenta ditadura- não querendo deixar de figurar como primeiras figuras, cedem mais do que seria aconselhável, dado que as contas de somar e subtrair não se podem alterar caso se queira proceder com sensatez e rigor.

Ou seja, focando desde outro ponto de vista, até poderíamos aceitar que o descontrole econômico da nação se deve à ignorância congénita da maior parte da população. Sem desculpar os abusos mais escandalosos que os que mexem nos grandes negócios. As cedências sucessivas conduzem a desvios no orçamento, daí a consequências tantas vezes discriminatórias, precisamente porque, indirectamente, prejudicaram outros cidadãos do mesmo patamar do que aqueles que conseguiram ser beneficiados, mas só porque não possuem as mesmas capacidades de exercer pressão

Imaginar que através de conseguir uma ilustração, uma cultura mais elaborada, da massa social mais propensa a se sentirem pior servidos, é mais uma utopia das várias que existem entre os humanos. Imaginar que os que reclamam cederiam nos seus desejos e aceitassem,com um baixar de braços fariam um bom serviço a todos, e que tendo, actualmente, um governo teóricamente de esquerda, a calma seria factível, é das tais situações em que nem os bebés de mama acreditarán. Estes sabem bem o valor da sua palavra de ordem. Quem não chora não mama. Aquela frase célebre atribuída aos fantasiados mosqueteiros de Alexandre Dumas. TODOS PARA UM E PERÚ PARA TODOS, só na literatura.

Qualquer cidadão reconhece que o chegar a uma sociedade séria, equilibrada, não necessariamente igualitária, mas aceitável por não se mostrar excessivamente desigual, depende, pela aplicação cega e correcta das leis que nos regem. Mas também sabe coisas tais como que Feita a lei, cuidada a malícia, ao que se junta o saber que a carne é fraca, e que por detrás desta sina se movimentam os compadrios, os corporativismos, ou, mais concretamente, que O dinheiro é como o azeite, por donde pasa unta. E termino com o que também sabemos Quando a fortuna chega às mãos do pobre, em geral este muda de comportamento.

(1) existem mais sinónimos para tentar definir um estado de espírito que, dada a quantidade de alternativas, nos indica como é difícil definir de uma forma concreta e sem ambiguidades o que tento descrever.


Sem comentários:

Enviar um comentário