O
OCIDENTE PERDEU O SEU AUTO-RESPEITO
Antes
de entrar no meu comentário sugiro que leiam o post seguinte: Notas
sobre a crise venezuelana… que
podem encontrar no facebook.
Apesar
de que ainda deve estar longe o fim deste problema, aquilo que, aos
europeus em particular e por extensão a muitos dos países considerados ocidentais, é que, depois de tanto criticar, satirizar
e comentar azedamente, as atitudes do ditador “democrático”
Donald Trump, mal ele tocou a sineta, todos se agacharam. E depois se
puseram em sentido, adiantando-se às acções explícitas do comando
dos USA, para mostrar o que gostavam (e temem) deste Presidente,
aparentemente volúvel mas que nunca perde de vista os seus
interesses, que curiosamente (?) coincidem com os dos seus apoiantes.
Não
vou defender o regime venezuelano e menos o seu cabeça Maduro, mas é
de preceito entender que este regime, ditatorial, tremendo,
castigado e castigador de alguns sectores do seu povo, está na onda
do Bolsonaro e de qualquer líder de cariz popular. Nem sequer
podemos considerar que estes políticos, com doutrinas ambíguas mas
que conseguem inflamar as classes mais desfavorecidas -enquanto
o poder efectivo é manobrado por um grupo selecto e colaborador do
capital, sem o qual pouco ou nada se consegue levar avante- Assim
foi como se instalaram
as
ditaduras do século XX sempre criaram a sua base de apoio através
de discursos inflamatórios, entre às classes económicas mais
debilitadas, e sempre aproveitando épocas de crise económica.
Aquilo
que, visceralmente, me incomoda é que se aplaudisse, sem reservas
nem argumentos estruturados, um golpe de estado palaciano baseando-se
na crise económica e social que pesa sobre a Venezuela Uma crise
que, como sabe quem procurou elucidar-se, se atingiu não só pela
deficiente governação de Maduro mas, também e principalmente, pela
pressão das grandes empresas americanas que não querem, por nada
deste mundo, perder o controlo do crude venezuelano, dada a magnitude
dos seus campos petrolíferos.
A
mesma União Europeia, que sofreu, estoicamente mas com muito medo,
os desplantes dos EUA quanto ameaçou com reduzir a sua colaboração
na defesa militar da Europa, e permitiu este jogo de estica e encolhe
da Grande Bretanha, fundamentado no seu desactualizada visão
imperial junto ao saber que este tem o apoio inequívoco dos EUA. Se
calhar este pretenso apoio é mais de conversa do que efectivo,
leia-se, económico.
Todos
devemos saber que o desequilíbrio do mundo ocidental foi criado
desde o comando do Grupo dos Sete, do FMI e das “majors”, que
manobrando nas bolsas, conjuntamente com a inducção para aumentar
os lucros através da deslocalização das fábricas e aderindo, sem
grandes entraves à globalização comercial incitaram a que a
economia ocidental caísse numa ratoeira da qual parece difícil, ou impossível, sair.
Por
muitos desastres financeiros, sempre com reflexos financeiros
negativos para a população assalariada, e sendo a bolsa americana
uma das mais potentes, já se verificou, repetidamente, que tudo é
resultado de politicas bem planificadas que sempre pretendem, e em
geral conseguem, reforçar a posição dos mais importantes
conglomerados.
Daí
o tremer de joelhos e a humilhação das já fracas potências
ocidentais. Mas o pior está para vir. Não precisamente pelo que
chegará à Venezuela -e ao Brasil- mas porque não tardarão muitos
anos,ou mesmo meses, que desse o Oriente nos digam, com discursos
amáveis mas com mensagens sublimares bem pesadas: AGORA SOMOS NÓS
OS QUE MANDAMOS NESTE PLANETA, mesmo que durante uns tempos consintam
em que os USA pensem que mantém a hegemonia, uma vez que conseguiram
humilhar o seu berço europeu. Esta é uma das consideradas victórias
pírricas.
Entretanto
os favelados e outros deserdados da fortuna equivalentes, optarão,
em cada vez maior número, deslocar-se massivamente para as ás zonas
de clima temperado, que imaginam lhes podem oferecer melhores
condições de vida.
O
que acontece e acontecerá na Venezuela é uma das várias partidas
simultâneas do xadrez mundial. Sempre as houve, mas dificilmente uns afectados conheciam o que se cozia noutros lados. Agora, para o
bem e para o mal, tudo se pode saber (mesmo que deturpado) instantaneamente.
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