terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

OS ACONTECIMENTOS NA VENEZUELA


O OCIDENTE PERDEU O SEU AUTO-RESPEITO

Antes de entrar no meu comentário sugiro que leiam o post seguinte: Notas sobre a crise venezuelana… que podem encontrar no facebook.

Apesar de que ainda deve estar longe o fim deste problema, aquilo que, aos europeus em particular e por extensão a muitos dos países considerados ocidentais, é que, depois de tanto criticar, satirizar e comentar azedamente, as atitudes do ditador “democrático” Donald Trump, mal ele tocou a sineta, todos se agacharam. E depois se puseram em sentido, adiantando-se às acções explícitas do comando dos USA, para mostrar o que gostavam (e temem) deste Presidente, aparentemente volúvel mas que nunca perde de vista os seus interesses, que curiosamente (?) coincidem com os dos seus apoiantes.

Não vou defender o regime venezuelano e menos o seu cabeça Maduro, mas é de preceito entender que este regime, ditatorial, tremendo, castigado e castigador de alguns sectores do seu povo, está na onda do Bolsonaro e de qualquer líder de cariz popular. Nem sequer podemos considerar que estes políticos, com doutrinas ambíguas mas que conseguem inflamar as classes mais desfavorecidas -enquanto o poder efectivo é manobrado por um grupo selecto e colaborador do capital, sem o qual pouco ou nada se consegue levar avante- Assim foi como se instalaram as ditaduras do século XX sempre criaram a sua base de apoio através de discursos inflamatórios, entre às classes económicas mais debilitadas, e sempre aproveitando épocas de crise económica.

Aquilo que, visceralmente, me incomoda é que se aplaudisse, sem reservas nem argumentos estruturados, um golpe de estado palaciano baseando-se na crise económica e social que pesa sobre a Venezuela Uma crise que, como sabe quem procurou elucidar-se, se atingiu não só pela deficiente governação de Maduro mas, também e principalmente, pela pressão das grandes empresas americanas que não querem, por nada deste mundo, perder o controlo do crude venezuelano, dada a magnitude dos seus campos petrolíferos.

A mesma União Europeia, que sofreu, estoicamente mas com muito medo, os desplantes dos EUA quanto ameaçou com reduzir a sua colaboração na defesa militar da Europa, e permitiu este jogo de estica e encolhe da Grande Bretanha, fundamentado no seu desactualizada visão imperial junto ao saber que este tem o apoio inequívoco dos EUA. Se calhar este pretenso apoio é mais de conversa do que efectivo, leia-se, económico.

Todos devemos saber que o desequilíbrio do mundo ocidental foi criado desde o comando do Grupo dos Sete, do FMI e das “majors”, que manobrando nas bolsas, conjuntamente com a inducção para aumentar os lucros através da deslocalização das fábricas e aderindo, sem grandes entraves à globalização comercial incitaram a que a economia ocidental caísse numa ratoeira da qual parece difícil, ou impossível, sair.

Por muitos desastres financeiros, sempre com reflexos financeiros negativos para a população assalariada, e sendo a bolsa americana uma das mais potentes, já se verificou, repetidamente, que tudo é resultado de politicas bem planificadas que sempre pretendem, e em geral conseguem, reforçar a posição dos mais importantes conglomerados.

Daí o tremer de joelhos e a humilhação das já fracas potências ocidentais. Mas o pior está para vir. Não precisamente pelo que chegará à Venezuela -e ao Brasil- mas porque não tardarão muitos anos,ou mesmo meses, que desse o Oriente nos digam, com discursos amáveis mas com mensagens sublimares bem pesadas: AGORA SOMOS NÓS OS QUE MANDAMOS NESTE PLANETA, mesmo que durante uns tempos consintam em que os USA pensem que mantém a hegemonia, uma vez que conseguiram humilhar o seu berço europeu. Esta é uma das consideradas victórias pírricas.

Entretanto os favelados e outros deserdados da fortuna equivalentes, optarão, em cada vez maior número, deslocar-se massivamente para as ás zonas de clima temperado, que imaginam lhes podem oferecer melhores condições de vida.

O que acontece e acontecerá na Venezuela é uma das várias partidas simultâneas do xadrez mundial. Sempre as houve, mas dificilmente uns afectados conheciam o que se cozia noutros lados. Agora, para o bem e para o mal, tudo se pode saber (mesmo que deturpado) instantaneamente.


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