Mesmo
atendendo a que, pessoalmente, sinto que ninguém está minimamente interessado nas minhas opiniões, e que ainda por cima sou um cidadão
totalmente desconhecido, e consciente de estar já dentro dos limites
do prazo de validade. Todas estas circunstâncias não me inibem de
pensar e, por vezes, de tentar colocar os meus loucos pensamentos à
disposição de um número muito reduzido de leitores. Raramente
devem ultrapassar a dezena!
Os
que me conhecem, nem que seja epidérmicamente, sabem que sou,
simultâneamente português por escolha pessoal e catalão por
herança familiar. Os acontecimentos recentes, concretamente do
diferendo existente entre o estado espanhol, em monarquia
constitucional e o sentimento identitário dos catalães, longe de
ficar arrumado, levou-me, por arrastamento, a imaginar uma
extrapolação para o conjunto de estados membros da U.E. Isso
enquanto durar esta experiência.
Os
contestatários catalães sentem-se, com razão ou sem ela, abusados
pelo centralismo castelhano. Há muito tempo que, com maior ou menor
intensidade, não se sentem satisfeitos por estarem sob a tutela de
dita Espanha. Antes do golpe militar fascista e durante um pequeno período partilharam de um “estado federal” com governo central
republicano. Tudo foi imediatamente anulado pelo governo do ditador
Franco, patrono pessoal de uma Espanha católica e totalmente centralista, mantida por mão militar e policial enquanto ele esteve
vivo.
Admito
que, abdicando de uma utópica independência plena, muitos catalães
já se satisfaziam fazendo parte de uma República Federal,
com uns estatutos bem elaborados e que se adotassem por uma decisão
global. Por enquanto os governos radicados em Madrid, que temem ou se
apoiam nos saudosos da ditadura franquista, extremistas e
retrógrados, não estão afins de uma solução deste teor.
Pessoalmente penso que as pessoas em geral tem uma restrita visão de conjunto. No
fundo somos como os animais migrantes, sejam aves ou mamíferos.
Quando alguém, pelas várias razões que o tenham influenciado,
sente que deve mudar de região ou mesmo de País, e até de
continente, durante um periodo de tempo, mais ou menos curto, sente a
necessidade de voltar, nem que seja por um período de tempo reduzido,
ao local onde nasceu e cresceu.
Saltando
no raciocíneo, os actuais estados, ou nações, da Europa são
homogêneos por decreto. Continuam existindo muitos dos sentimentos
regionalistas, por vezes quezilentos e muito intensos. Não podemos
esquecer que a montagem da União Europeia tinha como propósito
conseguir um bloco económico que se pudesse equiparar aos USA. Mas
os promotores descuraram as realidades históricas de cada um dos
parceiros europeus, enquanto que os estados da América não tinham
um passado comparável.
Quem
estudou alguma história europeia sabe que a Itália foi unificada
por Garibaldi no séc XVIII, e que ainda hoje não se ultrapassaram
os sentimentos de identidade zonal, mais ou menos conflituosos. A
Bélgica é um País artificial e partilha com outros do Norte o
manter governos monárquicos ditados por Napoleão.
A
Alemanha unificou-se com Bismark. Aumentou e foi recortada por efeito
da segunda guerra mundial, e hoje funciona com um Governo Federal. A
Inglaterra, como a vemos actualmente, não está totalmente
identificada como sendo igualitária, como sedo efectivo um UK
homogêneo. Desde a refilona Escócia até a Irlanda, conflictiva .
Mesmo o País de Gales tem orgulho na sua identidade. A monarquia
mantêm, como pode, uma unidade periclitante.
A
França desde a Monarquia e depois com o “Império Napoleónico”,
e até hoje, é uma unidade mais funcional do que totalmente
sossegada, pois que permanecem fortes muitos sentimentos
regionalistas. Sem contar com o litigio latente da Corsega.
Daí
que penso que se entrou num excesso de imaginada uniformidade entre
os países que se foram incorporando na União Europeia. É uma
ideia de igualdade excessivamente forçada, que sinto pode estourar em qualquer momento, seja com qual for o alegado. Pois que no fundo
permanecem sentimentos de identidade, rivalidades, litígios por resolver, que por junto são avessos a aceitar ser iguais por
decisões tomadas por mandatados.
Os
primeiros sintomas de repulsa podem surgir como reacção à enorme
máquina burocrática que se instalou entre Bruxelas e Luxemburgo.
Além de custar muito dinheiro não me parece que os naturais de
qualquer país membro se sintam totalmente satisfeitos com esta
fingida igualdade.
Se
o futuro se orientar para o meu pensamento, será forçoso propor aos
estados membros que, caso desejem manter a união para certas
questões, será aconselhável dar atenção às suas parcelas com
identidades fortes. Modificar os estatutos e dar importância aos
grupos humanos que existem nos territórios dos diferentes membros.
Em suma, baralhar e dar de novo. Procurar montar um Estado Federal
com um corpo burocrático reduzido.
NOTA:
Não estou satisfeito com este texto. È demasiado pretensioso e
trapalhão. Hoje não consigo melhorar.
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