quinta-feira, 25 de julho de 2019

NEM SEMPRE A RECEITA SERVE




ALGUMAS SÃO DE USO RESTRITO, ou condicionado.

Vimos nestes últimos dias como, após duas eleições consecutivas na vizinha Espanha, com mais partidos concorrendo do que era habitual, mesmo que alguns se entenda que era filias de outros mais veteranos, não se contabilizou um vencedor com maioria suficiente para formar governo. Parece que os do PSOE julgavam que, a posteriori, poderiam repetir a “geringonça” portuguesa, que tão bons resultados deu ao PS de António Costa. Os partidos minoritários, indispensáveis para conseguir a investidura, mostraram-se desinteressados e sumamente exigentes. Não coalhou.

Os ambientes, as pessoas e as condições, sem esquecer as exigências e convicções de cada grupo são bastante diferentes das de aqui, Portugal. Pensar que o PSOE podia conseguir a ajuda, mais ou menos tranquila, e sem exigências prévias que estivessem “preto no branco”, não funcionou. E mantém-se um impasse ao qual, contrariamente ao que já aconteceu na Itália, o País não está habituado. Mesmo por cá já se passou por governações sem orçamento aprovado e funcionando, quase que na mesma, por duodécimos.

São alguns, e de peso importante, os pontos que diferenciam os dois países ibéricos. A pretensa unidade territorial dos espanhóis é mais de governo do que dos seus habitantes. As características regionais não desapareceram, nem sequer com a pressão política da ditadura franquista.

Aliás, ao contrário do que sucede em Portugal, todos os outros países europeus, começando pela França, Bélgica, Itália, Alemanha e também mais a leste, tem regionalismos fáceis de inflamar. Com as suas exigências próprias, aguentam ou até aceitam o poder central sempre e tanto que tenham algum trato de favor como compensação. Esta é uma das razões, difíceis ou impossíveis de anular, que causam um descrédito popular perante as regras e normas da U.E. Só baixam de intensidade quando apagam o fogo com mais subsídios dirigidos aos sectores que, no momento, se mostram mais avessos a manter uma adesão calma.

Portugal, felizmente!, não está penalizado por incompatibilidades de peso entre regiões. Ficam delimitadas a algumas anedotas populares e as disputas “desportivas”, que servem para que os exaltados descarreguem as suas bílis sem problemas de maior

O que está a suceder na Espanha actual, que parece ser uma derivação associada a surgirem mais partidos, embora alguns são como os mesmos cães com coleiras diferentes, é consequência de uma péssima tentativa política, mal pensada e obcecada pelo fim que pretendiam (o ilibar o antigo Presidente da Generalitat, e do seu filho, por abusos de poder, nepotismo e suborno). Acenderam uma fogueira de palha com o argumento de proclamar uma república de cariz independentista, sem nenhuma base nem capacidade para a levar por diante. Possivelmente apostaram numa redução das exigência esperando que o PSOE recuperasse a antiga bandeira do federalismo. Só que a temperatura do forno já não aconselhava esta deriva. E os utópicos independentistas totais, ficaram pendurados quase que no Pelourinho.

Esta intentona, que nem sequer teve o nível das de Repúblicas Bananeiras, deu como principal consequência o renascer das cinzas da ditadura franquista, ainda quentes. Uma leva de partidos fantasma, que além de desnortear os cidadãos, desviaram muitos votos, dos que restavam depois da crescente abstenção. Os imprudentes catalães conseguiram inculcar e muitos espanhóis (de outras regiões) a noção de ter um inimigo interno que era premente anular. As cartas que tinham na mão eram fracas e o bluff foi pífio.

Sem comentários:

Enviar um comentário